quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Sem PSDB

Sócrates Santana*

Sem o retrovisor dos oito anos do governo FHC, o PSDB pode, finalmente, desvencilhar a imagem do partido do período da história caracterizado pelas políticas neoliberais. Derrotado pela terceira vez consecutiva, tendo como agravante o esconde-esconde dessas eleições das eventuais conquistas atribuídas aos governos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o modelo apresentado pelo o tucanato perdeu o prazo de validade. Sem perceber ou sem saber como fazer, o PSDB se viu, sem projeto, sem discurso, sem sequer, um programa de governo para a disputa presidencial.

Coube ao ex-governador de São Paulo atirar a esmo. Ao não encarar o debate político, restou as fáceis promessas de campanha, sem argumento, sem respaldo e sem identificação com os problemas da sociedade, porque, as promessas não contam para qualificar um candidato como representante de um setor social. Ou seja: Serra representou mal quem desejava ser representado pelo o PSDB. Ao esconder FHC, apagou o PSDB da história do país.

O ex-presidente tucano tem razão numa coisa: o PSDB, de fato, tem que assumir sua real posição no cenário político. Só que não será uma tarefa fácil. Talvez, o maior problema dos tucanos esteja justamente na composição do próprio partido, especificamente, no caráter paulistano das políticas adotadas pelo partido. Há 16 anos à frente do Estado mais rico da Federação, São Paulo, o centro nevrálgico do partido, o PSDB perdeu a noção do país.

A hegemonia paulista do PSDB provocou mais estragos do que trouxe votos no resto do país. O partido não consegue, com esse discurso, ultrapassar uma barreira de rejeição que o PT carregou até as eleições de 2002. Mas, o “até logo” de Serra mostra que a cúpula paulista não vai abrir mão da manutenção do comando do PSDB.

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