terça-feira, 14 de junho de 2011

A quinta coluna de Alagoinhas

Sócrates Santana

O jeito escorregadio do prefeito de Alagoinhas, Paulo Cezar (PSDB), tem estreita relação com a maneira distante que a família Magalhães tratou por toda a vida os assuntos da Bahia. Assim como o avô, o deputado federal Jutahy Magalhães Junior é visto pela esfera pública baiana como um forasteiro. E como tal, deixa a revelia a política partidária no estado. A saída do prefeito do litoral norte do ninho tucano, portanto, é reflexo de uma prática familiar antiga. O maior problema é que o velho Juracy Magalhães também deixou outros ensinamentos.

No dia 13 de maio de 2010, o governador Jaques Wagner (PT) visitou o município de Alagoinhas. Na oportunidade, Paulo César declarou apoio para a reeleição petista no estado e para o candidato a presidência José Serra (PSDB). Sem pestanejar, o “galego” aceitou a adesão, mas, cutucou: “Político tem que ter lado. Não pode acender uma vela para Deus e outra para o Diabo”. De volta ao agreste baiano, Wagner retornou a Alagoinhas para inaugurar um quarto trecho de uma avenida tão extensa que cabe dentro dela vários nomes e, principalmente, lados: Carlos Gomes, Juracy Magalhães, Luís Eduardo Magalhães e, agora, Joseph Wagner, pai do atual governador dos baianos.

No entanto, o que mais intriga neste aparente movimento de “biruta de aeroporto” conferida ao prefeito de Alagoinhas é o recente anúncio realizado por ele: “É grande a probabilidade de que eu vá para o PDT”. E o mais engraçado é perceber como a história, volta e meia, vai e volta. Após ter sido escolhido na década de 30 pelo ditador Getúlio Vargas como interventor na Bahia, Juracy Magalhães cultivou 15 anos depois uma vida secreta. Foi informante do FBI no Brasil e preparou um novo golpe contra o patrono do PDT, o mesmo Getúlio Vargas que lhe nomeou governador.

Talvez, pouco consciente dessas coincidências da história, o prefeito de Alagoinhas termina por participar de uma intrigante articulação no estado, que revela a mudança de atores, mas, as mesmas intenções de sempre: o comando do poder. Ou a troca dele. O fato é que o fratricídio petista no município de Alagoinhas facilidade a difusão de boatos e uma espécie de quinta-coluna em curso. A desmoralização pública do vereador Miguel Silva (PT) na Câmara de Vereadores e a viabilidade eleitoral do vereador Luciano Sérgio empurra o ex-prefeito e deputado estadual Joseildo Ramos (PT) de volta para o cenário local.

O parlamentar petista, apesar de um curto período no legislativo baiano, demonstra enorme facilidade de analisar e perceber o movimento de cada peça de xadrez na Assembleia Legislativa da Bahia. De como as decisões da sala do cafezinho influenciam a política no estado. Joseildo, portanto, seria uma perda inestimável para a bancada petista. Uma peça a menos neste tabuleiro chamado sucessão. Seja no âmbito municipal, seja no âmbito estadual.

Nenhum comentário:

Postar um comentário