quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Cara e Coroa

Sócrates Santana*

A campanha de José Serra é demo-tucana. É, majoritariamente, demo, porque, utiliza de métodos historicamente vinculados ao jeito pelefelista de fazer política. Mentem, manipulam informações e, principalmente, se apossam de conquistas que não são atribuídas verdadeiramente ao modo demotucano de governar. No caso, a estabilidade econômica, o real e o saneamento dos bancos através do Proer não são conquistas do PSDB e do DEM. Mas, invenções eleitorais desastrosas para a economia brasileira.
O anúncio do Plano Real foi feito pelo ministro de 10 meses da fazenda (de 19/5/1993 a 30/3/1994), Fernando Henrique Cardoso, dando continuidade ao governo de Fernando Collor, assumido pelo vice-presidente, Itamar Franco. A equipe era formada pelos mesmos economistas que participaram do desastroso Plano Cruzado de Sarney. É o velho modo demotucano de criar factóides para inflar a opinião publicada com falsos argumentos.
Mas, o mérito do Real é do famigerado Rubens Ricupero, responsável pela implantação do Plano Real. O atual aliado de José Serra, o senador eleito Itamar Franco, acusa, inclusive, FHC de má fé. O ex-presidente FHC assinou de maneira irregular as notas da nova moeda, quando já não era mais ministro da fazenda. É o velho jeito demotucano de utilizar a máquina pública sem pudor.
Veio a primeira crise econômica em 15 de março de 1995. Uma crise que só ocorreu no Brasil, porque, não foi internacional. O mercado, como diria a colunista Miriam Leitão, estava calmo e favorável aos países emergentes. Só que o governo de FHC mexeu no câmbio de forma irresponsável ou amadora, por "suspeita de retorno da inflação". É o velho método demotucano de implantar o terror para combater o medo da inflação.
Cerca de US$ 2 bilhões de investidores estrangeiros saíram do país. O atual candidato a presidência, ministro do Planejamento de FHC, José Serra, juntamente com Pedro Malan, aumentou a previsão da taxa de inflação anual. Para completar o ensejo, FHC, Serra e Malan anunciaram a privatização da Companhia Vale do Rio Doce, considerada a mais eficiente das 136 estatais e o fim da reserva de mercado no setor bancário. Afinal de contas, é dando que se recebe, como diria Francisco de Assis. O problema é que o santo dava aos pobres. Os demotucanos dão aos ricos. É o velho artifício de fechar a economia para o mercado internacional e abri-lo em seguida privatizando empresas brasileiras
Veio a crise dos bancos de FHC. O “de” FHC é dúbio mesmo. Os bancos “de” FHC e a crise “de” FHC. Os bancos estavam viciados em auferir grandes lucros com a inflação alta. Daí a solução dos bancos veio através do Proer, lançado no dia 20 de agosto de 1995. FHC garantiu que não seria envolvido um único centavo dos contribuintes. Mas, o que ocorreu foi a maior doação da história do Brasil. Os destinatários da doação foram os donos dos bancos, que deram o calote no governo. Entre os beneficiados pela doação estatal o Banco Nacional, da nora de FHC; o Bamerindus, de José Eduardo de Andrade Vieira, ministro da Agricultura de FHC (grande financiador de sua campanha); e o Banco Econômico, de Ângelo Calmon de Sá, que por sinal já tinha sido socorrido pelo Geisel em 1976 (o da Pasta Rosa, que ajudava os "amigos dos banqueiros", dentre eles ACM, FHC, Serra).
Como diria o filosofo italiano Gramsci, “tudo muda para ficar sempre igual”. Serra, enquanto candidato demotucano, promete nessas eleições presidenciais salário mínimo de R$ 600,00. Uma invenção eleitoreira rasteira, despolitizada. Ou seja: é a cara do DEM com a coroa do PDSB na cabeça raspada de José Serra.

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