Sócrates Santana
Entre 2007 e 2010, o governo estadual investiu R$ 2,2 bilhões em segurança pública. O alvo principal da política estadual para o setor é o combate às drogas. Em quatro anos, o estado investiu na construção de 5 delegacias da mulher, 2 delegacias de Polícia Territorial coordenadas pela Coordenadoria Regional de Polícia do Interior, além de 27 Companhias Independentes da Polícia Militar, 6 novas sedes do Corpo de Bombeiros e um Departamento de Auditoria. Ou seja: uma segurança voltada para a execução de uma política ostensiva por um lado e de prestação de serviços por outro. E o combate às drogas?
A verdade é que o tema “combate às drogas” ainda não havia sido tratado dentro de um universo de perspectivas, parte de um sistema complexo de relações globais e locais. Ainda era induzida ou conduzida sob uma ótica ortodoxa, tendo como ponto de partida o mal midiático do consumo e o excesso de homicídios relacionado ao tráfico de drogas. Após 20 anos, finalmente, o estado baiano compreendeu o sistema de rede organizado que cerca o crime no país e no mundo. Pela primeira vez, um secretário de estado, Maurício Barbosa, revela a intenção de “estabelecer uma parceria com os Estados” para combater o tráfico, além de uma cooperação mais efetiva entre os órgãos federais e a estrutura de segurança do Estado. E o combate às drogas? Finalmente, começou.
Uma arma capaz de disparar até 1,6 mil tiros por minuto e de uso exclusivo no combate a ações terroristas, especialmente no resgate de aeronaves, foi apreendida no dia 20 de janeiro por investigadores da Delegacia Especializada de Tóxicos e Entorpecentes (DTE) e da 8ª Coordenação de Polícia do Interior (Coorpin), na cidade de Teixeira de Freitas, na Bahia. Os policias ainda apreenderam dois carregadores de munição, 58 cartuchos calibre 380, cinco cartuchos de fuzil calibre 556. Arma é muito rara. Ela sequer é utilizada pelas Forças Armadas Brasileiras (FAB), a submetralhadora Mac-11, de fabricação americana, e seria repassada para o crime organizado no estado.
De onde vem as armas que desembarcam na Baía de Todos os Santos e na Baía de Guanabara para abastecer o exército do tráfico de drogas pelo país e no estado? EUA, Israel, Rússia, Suíça. Será que tais indústrias e seus países, que produzem muito mais armas do que o mercado formal é capaz de absorver, não sabem que suas “mercadorias” vão parar nas mãos de meninos pobres latinos, africanos e asiáticos? Porque o esforço global de combate às drogas não coíbe a produção de armamento? As respostas parecem óbvias.
Talvez, a política de segurança pública no estado tenha encontrado um dos principais fatores para combater o ainda alto índice de homicídios na Bahia relacionado ao tráfico de drogas. Dias após a apreensão e do tratamento dado ao assunto pela polícia baiana, no dia 2 de fevereiro, em Brasília, a cúpula de segurança baiana esteve reunida com o diretor de departamento da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal, o Secretário Nacional Anti-drogas, para que eles entendam a realidade do estado e juntos definirem um conjunto de ações estratégicas para o setor.
Entre elas, cabe acrescentar, a participação internacional do governador Jaques Wagner e da presidente Dilma Rousseff no sentido de estabelecer um tratado de cooperação entre nações e estados, visando a imposição de limites para o comércio de armas e até mesmo uma elevação de tributos sobre esses produtos, além de uma repactuação em relação aos acordos de uma política anti-drogas liderada pelos EUA. A caravana internacional contra o tráfico de armas poderia ser chamada, essa sim, de missão “Pacto pela Vida”.
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