Sócrates Santana
Se o governador Jaques Wagner mantiver a mesma coerência das escolhas para o secretariado, o novo líder da bancada da maioria no legislativo baiano será o deputado estadual Zé Neto. E não é o fato do petista ter desempenhado o papel de porta-voz dos instintos do governo no legislativo, nem a força política de quem conta com o apoio de um senador e um ministro, tão pouco o posto de campeão de votos nas últimas eleições no partido. Ou seja: não é uma questão de mérito. É política em alta definição.
Apesar de todas as opiniões terem sido destruídas e nenhuma verdade preencher o seu lugar, a escolha deste parlamentar petista responde a uma demanda política represada no segundo maior município do Estado da Bahia: Feira de Santana. Pouco assistida do ponto de vista representativo, a classe política feirense sempre estabeleceu uma relação tensa com o governador dos baianos. A atração de figuras como os deputados federais Jairo Carneiro (PP) e Fernando de Fabinho (DEM) para o círculo governista, além da proximidade republicana com o prefeito Tarcísio Pimenta (DEM) significaram gestos do Palácio de Ondina em relação às celeumas feirenses, sem perder de vista os deputados estaduais Targino Machado e Eliana Boaventura.
O pêndulo de Feira de Santana esteve presente nas movimentações do governo e variaram ao longo dos anos conforme as razões petistas também oscilavam no âmbito das disputas municipais. O exemplo tácito de Feira de Santana reverbera sobre os ombros do deputado federal Sérgio Carneiro, que venceu nas prévias do PT local o candidatíssimo deputado estadual Zé Neto. Estava anunciada uma eleição fracionada na capital do sertão, que deu continuidade ao projeto encabeçado pelo DEM no município.
A história tem muitos finais e muitos começos, sendo cada um de seus finais um novo começo e cada um de seus começos um ponto final no que havia antes. Neste sentido, podemos estabelecer com mais ou menos certeza a escolha do novo líder da bancada do governo, mas não podemos fazer o mesmo com o resultado final desta história, porque, ao abrir mão de uma liderança sem propósito eleitoral latente, o governador dos baianos dispensa, teoricamente, a construção de um nome naturalmente elevado para suceder o atual presidente da Assembléia Legislativa da Bahia.
A mudança das peças pelas mãos - até aqui incontestáveis - do governador significa antes de tudo o começo de algo novo. E tal prerrogativa exclusiva possui o atributo autolimitante de causar a formação de uma cadeia de conseqüências imprevisíveis que tendem a sujeitar para sempre o principal personagem deste tabuleiro: o governador Jaques Wagner. Afinal de contas, 2014 já começou.
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