segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Quem? Pelegrino? Isolado? Besteira!

Sócrates Santana

O deputado federal Nelson Pelegrino (PT) não está isolado. E quem insinua ou repercute tal asneira ignora totalmente o atual cenário de governabilidade do país e do estado. Primeiro, porque, o chamado “modelo petista” está em plena ascensão no país e nos municípios. Segundo, porque, o nome do parlamentar petista conseguiu unificar de maneira antecipada o partido mais heterogêneo da base aliada do governador Jaques Wagner: o próprio petê. Ou seja: seja o DEM, seja o PMDB, quem possui uma candidatura com a capacidade de dialogar com mais partidos que o PT?

Sem prévias, o candidato que a militância petista escolheu - consensualmente - para representar o partido nas próximas eleições municipais tem o apoio de um governador, um senador, 10 deputados federais, 14 deputados estaduais e 7 vereadores. Quem entre todos os candidatos possui maior representatividade partidária na Bahia?

E mais: nem o PMDB, nem o DEM, apontam um arco de alianças capaz de arregimentar tantos partidos num único projeto eleitoral. Por um lado, o DEM está enjaulado ao inexpressivo PSDB baiano, que ainda carrega consigo a pecha malograda do tucanato nacional. Por outro, o PMDB sofre de uma esquizofrenia shakespeariana - politicamente - sem solução: estou na situação ou na oposição, eis a questão?

Ainda resta salientar a falta de opção dos demais partidos que projetam suas candidaturas, a exemplo do PcdoB e do PSB. A foice comunista incita uma rebelião ancorada no PSB, mas, só. O martelo, entretanto, apenas será batido se a senadora socialista, Lídice da Mata, contrariar uma estratégia arquitetada pelo governador pernambucano, Eduardo Campos. Um gesto precipitado dela para afagar o descontentamento do PCdoB coloca em risco um projeto de longo prazo projetado pela cúpula nacional do partido, que inclui o quarto colégio eleitoral do país.

Se sair, o PCdoB desfilará no bloco do eu sozinho, já que não consegue absorver o PP, nem o PRB, nem o PDT. Caso atraía a adesão do PMDB baiano, por exemplo, também coloca o pé para fora do governo petista. É um rompimento que, talvez, o próprio PT gostaria que ocorresse.

Aos demais partidos, PDT, PP, PRB e PTB, nenhuma outra alternativa. Resta a adesão, conflagrando entre eles a disputa pela vice de Nelson Pelegrino, porque, a desistência do deputado federal Marcos Medrado (PDT), a incompatibilidade doutrinária entre o PRB e os demais aliados, assim como, o beco sem saída da administração tampão do PP na prefeitura de Salvador, levam o rio para uma única direção: o mar vermelho do PT.

Por fim, a candidatura do deputado federal Nelson Pelegrino não está isolada, porque, apesar de toda a contrariedade dos demais com a aparente onipresença petista, nenhum deles consegue enxerga no outro um espelho que reflita os seus interesses tão bem quanto o principal objeto das suas discórdias: o PT. Talvez, o maior desafio do nome petista esteja – exatamente – na inversão de posições das peças do atual tabuleiro da base aliada. E para tal, possui uma carta na manga chamada PSD. E se o PSD inflamasse os demais, não abrindo mão da vice? Sem dúvida, isso colocaria em evidência as verdadeiras cartas na mesa.

*Sócrates Santana é jornalista e responsável pelo perfil no twitter @SocrateSantana

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