Sócrates
Santana*
A roupa nova do DEM caiu
mal. Não convence. Continua sendo aquela velha roupa colorida por fora, mas,
incolor, conservadora e autoritária por dentro. Sem força, o DEM está desbotado
pela história que carrega no próprio nome: ACM Neto, Rodrigo Maia, Fábio Souto,
entre outros filhotes da ditadura.
O partido aposta todas as
suas fichas em Salvador. De hegemônico no estado, o DEM administra hoje apenas
11 municípios baianos. Para piorar ainda mais o quadro, o partido adotou a
estratégia de concentrar os seus esforços em poucas candidaturas no país. Isso
representa uma redução drástica das suas lideranças políticas, mas,
principalmente, o ato consciente de jogar com as cartas que pode confiar e
monitorar.
Ao DEM baiano, restou a
opção de Salvador. Com o comando do partido nas mãos, o deputado federal ACM
Neto condicionou o apoio a José Serra em São Paulo à reciprocidade do PSDB
baiano. Sem problemas. O deputado federal Jutahy Magalhães (PSDB) aprendeu
direitinho com o avô o sentido da palavra subserviência. Afinal de contas, é de
autoria do ex-governador Juracy Magalhães a frase “O que é bom para os Estados
Unidos, é bom para o Brasil”. Ou seja: O que é bom para São Paulo, é bom para a
Bahia.
Talvez, o dilema tucano
fique por conta do ex-prefeito de Salvador, Antônio Imbassahy. Sem o espectro
eleitoral do deputado federal na cidade, o PSDB baiano oferece o que o DEM
também pode em São Paulo: tempo de tevê. No passado, especificamente, no
período FHC e ACM, a relação entre os dois partidos era encarada de maneira
pontual. Isso mudou. Ao longo dos anos, ambos os lados exerceram forte
influência no perfil de cada partido. Por um lado, o PSDB absorveu a pauta
conservadora do DEM. Por outro, o DEM incorporou a proposta neoliberal de
Estado do PSDB.
As novas idéias do DEM para
Salvador são as velhas idéias do PSDB para São Paulo. A eleição de lá está
conectada com a eleição daqui. E, assim como lá, entre Fernando Haddad (PT) e
José Serra (PSDB), a polarização natural por aqui é entre Nelson Pelegrino (PT)
e ACM Neto (DEM). Nas entrelinhas das duas disputas, quem pode sair ganhando é
o PMDB de Gabriel Chalita e Mário Kertész. Mas, essa é uma outra história para
um próximo comentário.
*Sócrates
Santana é jornalista.
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