Sócrates Santana
A composição do governo petista no estado baiano retorna para o métier do Palácio de Ondina. A distribuição dos cargos está de volta à mesa do governador. Felizmente, Jaques Wagner adquiriu mais musculatura política após o processo eleitoral. Venceu no primeiro turno, elegeu mais dois senadores alinhados ao projeto estadual, aumentou a bancada federal de sustentação ao governo Dilma e construiu uma maioria confortável no legislativo baiano.
Apesar do esforço de Wagner, contudo, a suposta hegemonia ainda não está consolidada na política baiana. Bastou terminar a corrida eleitoral para os partidos aliados e neo-aliados, iniciarem uma disputa despolitizada pela ocupação de espaço na máquina administrativa do estado. Seja no âmbito do poder legislativo, seja no poder executivo, que cabe ao governador, propriamente dito, apoderar ou não, a discussão das idéias estão sendo subjugadas pela simples conta das urnas.
Wagner, portanto, ainda não alcançou a almejada hegemonia das mentes e corações da esfera pública, porque, a convicção continua sendo a que os cargos comandam as idéias. E o governador não pensa assim, porque, isso não é verdade. O governador tem a oportunidade neste segundo tempo da sua gestão de romper com a tradição brasileira de compor o governo conforme os “arranjos pelo alto” em detrimento da pressão “de baixo”.
Os partidos possuem legitimidade para indicarem quadros políticos capacitados para darem andamento às ações governamentais em curso no estado. Mas, primeiramente, o arco de alianças firmado entre as legendas coligadas à candidatura petista selou um pacto com a população e uma série de segmentos organizados da sociedade civil. Cabe, assim, escutar o clamor de setores da sociedade baiana, que participaram e propuseram em conferências, conselhos, mesas de negociações e na campanha em si, diversos indicativos para o aperfeiçoamento das diretrizes deste governo.
A Bahia ainda vive um momento de transição e mudanças. Esses são os instantes mais significativos da sociedade, porque, afloram a disputa acerca de projetos e perspectivas sobre aquilo que virá. O novo torna-se objeto de contestação e enfrentamento pelos grupos que desejam obstruí-lo, sofrendo a pressão do velho, que insiste em permanecer e que procura manter de todas as formas sua influência. Mas, se o sono da razão gera monstros, como diria os filósofos frankfurtianos, mantenhamos um olho no padre e outro na missa, como diria o povo.
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