sexta-feira, 18 de julho de 2014

#1311 Governo nomeia 258 auditores fiscais


Após uma agenda sistemática de cobrança do deputado federal Amauri Teixeira (PT/BA), finalmente, no dia 22 de maio de 2013, a ministra do Planejamento, Orçamento e Gestão, Miriam Belchior, publicou no Diário Oficial da União a Portaria que autorizou a nomeação de 258 aprovados no concurso para Auditor-Fiscal. A Portaria, estabelece que serão nomeados os 200 candidatos aprovados para Auditor e mais 58 excedentes.
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quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Quem te viu


Por Sócrates Santana*
Escorado, achincalhado e ressuscitado: Fernando Henrique Cardoso. O reaparecimento público do ex-presidente sintetiza o desespero do PSDB. O tripé das fases tucanas demonstra o caráter de um partido sem sentido, projeto e, portanto, sem discurso. O retorno – sempre pretensioso - do “jarro chinês” dos tucanos só veio à baila para revelar o samba de uma nota só que virou o mantra da oposição no Brasil.
O velho papo démodé e neoliberal dos tucanos, como diz o meu irmão, “não come mais ninguém”. Ainda mais vindo de um ex-presidente antiquado, fora de moda e escondido no cantinho da sala de Geraldo Alckmin. FHC é para os brasileiros, o que é José Serra para os paulistanos: passado. E não adianta enviar e-mails para o pseudo-intelectual Marco Antônio Villa espernear no rádio. FHC é uma página virada e - por muitos - um livro apócrifo. E podem incluir nesta lista muitos tucanos.
Pernóstico, arrogante e prolixo, após 10 anos longe da presidência, FHC atrai para a candidatura de Aécio Neves, tanto adeptos quanto desafetos, dentro e fora do partido. Em entrevista no início deste ano, o próprio afirmou no esnobe inglês dele para a revista inglesaThe Economist, que em 2002 - quando o partido escolheu José Serra para a presidência - ele (FHC) “estava cansado de exercer a liderança política”.
O empoeirado ex-presidente ressurge do baú do esquecimento. E usa os holofotes apagados de outrora – primeiro - para choramingar a cartilha privatizante do FMI, que recai atualmente sobre a Grécia e o resto da Europa: “Nós modernizamos isso, nós integramos aquilo”. E, por fim, a mais repetida de todas as canções: “Nós fizemos o Plano Real”.
Por fim, o ex-cansado e adormecido ego, resolve desenterrar também junto com o seu discurso carcomido as suas inesquecíveis frases de efeito, como a incrível negação de si mesmo: “Esqueçam o que eu disse, esqueçam o que escrevi”. Nada mais apropriado para quem defendeu por tantos anos de governos petistas o anonimato do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva.
Hoje, FHC defende que o “PSDB ao longo de 2013”, veja bem, “mais escute do que diga”. É ou não é a piada do ano? Ou seja: duas missões impossíveis, pois, são duas características bastante opostas do partido e de quem propõe. Escutar e dizer: essa não é uma missão para FHC e o PSDB. Ambos, preferem decidir do quê negociar; reprimir do quê dialogar.
Mas, “nosso samba ainda é na rua”, já diria Chico Buarque. Com camisa ou não, “quem jamais esquece” a repressão dos povos indígenas na Costa do Descobrimento, o Massacre de Eldorado dos Carajás, a privatização da Vale do Rio Doce e da Telebrás, “não pode reconhecer” o valor de qualquer crítica oriunda de um tucano.
*Sócrates Santana é jornalista.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

E agora, José Serra?


Sócrates Santana*

Não existe mais uma pedra no meio do caminho do senador Aécio Neves. Ao menos, no PSDB.  Afinal de contas, a derrota de José Serra não significou apenas a vitória do PT em São Paulo. Representou o término de um ciclo paulista no ninho tucano, onde a mensagem de despedida dos serristas à presidência passou de um até logo para um adeus melancólico das urnas do seu principal reduto eleitoral. “A festa acabou”, diria o poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade, que comemoraria hoje - se vivo fosse - 110 anos.

Em Minas Gerais, o PSDB venceu em 143 municípios, enquanto o PT elegeu 114 e o PMDB 119 prefeituras. Mas, restou ao PSB do governador pernambucano Eduardo Campos a cereja do bolo: Belo Horizonte. Com o apoio de Aécio Neves, o prefeito reeleito Márcio Lacerda (PSB) derrotou o ex-ministro Patrus Ananias (PT), apoiado pela presidenta Dilma Rousseff. Mas, a única cidade acima de 200 mil eleitores governada pelo PT a partir de 2013 em território mineiro será Uberlândia.

A disputa na capital mineira serviu como uma prévia da eleição presidencial de 2014. De um lado, a aliança entre o PSDB e o PSB. Do outro, a manutenção de um casamento temerário entre PT e PMDB. Fora da disputa, após perder a eleição municipal para Fernando Haddad (PT), o ex-presidenciável José Serra, com a chave na mão, “quer abrir a porta”, mas, “não existe porta”, porque, Aécio Neves levou para Minas Gerais.

O deslocamento político do ninho tucano para Minas Gerais é acelerado na mesma medida que ocorre também um reposicionamento da hegemonia petista do nordeste de volta para o eixo sul do país. Dos eleitores a serem governados por prefeitos petistas a partir de janeiro, a maioria absoluta (51%) estará no Estado de São Paulo. Além da capital, o partido ganhou em municípios de peso na Região Metropolitana, como Guarulhos, Osasco e São Bernardo do Campo.

A ascensão do PSB nas cidades mais pobres do país simboliza também a redescoberta de uma quarta força partidária no Brasil, antes ocupada pelo metafisico DEM/PFL, reanimado com a vitória em Salvador e Aracaju. Porém, coube ao PSB fincar a bandeira no Nordeste, com a conquista dos maiores contingentes de população em Pernambuco e no Ceará, no Sudeste (Espírito Santo) e no Norte (Rondônia).

Apesar do esforço do governador Geraldo Alckmin (PSDB), pouco restou de consolo ao desgastado José Serra. O próprio ex-presidente Fernando Henrique Cardoso admite a necessidade de renovação do PSDB, mesmo ante os chiliques do correligionário derrotado. Tem que marchar, José! Nova ou velha, a escolha tucana é esquizofrênica e não entrou no bonde da renovação proposta pelo PT de São Paulo, o PSB de Pernambuco, o PMDB do Rio de Janeiro e, até mesmo, o conservador Democratas na Bahia. Mas, renovação é coisa do PT. “José, pra onde?”, responde o mineiro Carlos Drummond de Andrade a pergunta de José Serra. Pra onde?

*Sócrates Santana é jornalista.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Um engano de Samuel Celestino

O comentarista Samuel Celestino cometeu mais um engano. Pormenorizou o comício realizado por Nelson Pelegrino em Cajazeiras, minimizou o impacto do discurso da chefe do executivo nacional, Dilma Rousseff, bem como, reduziu o papel histórico do bairro mais populoso de Salvador.

Ao contrário do comentário do renomado jornalista baiano, um comício não é um local apenas para arrancar risos da platéia. Em qualquer parte do mundo, mas, especialmente, na Bahia, a realização de um comício define quem tem força, apoio político e popular.

Ao longo dessas eleições, nenhum comício liderado pela candidatura de ACM Neto aconteceu. O mais perto de uma reunião pública de massa ocorreu em Plataforma. O próprio jornal de propriedade da família Magalhães ironizou a realização de um "comício" improvisado no Subúrbio pelo candidato do DEM. A partir da constatação de que ACM Neto não promoveu um único comício, o óbvio de qualquer comentário sobre o assunto "comício", seria avaliar e julgar os motivos da campanha do Democratas ignorar um dos eventos mais utilizados para arregimentar e conquistar multidões.

Desde que política é política, a realização de comícios simboliza força, apoio popular e político, dentro e fora do palanque. É - portanto - opaco e estranho o comentário de Samuel Celestino. Talvez, nenhum outro jornalista ou repórter em atividade no estado, possua mais experiência e sensibilidade para observar a lacuna ou ruptura no modo de construir uma candidatura à prefeito da capital baiana realizada por ACM Neto.

Antes de um observador mais apressado definir como uma simples opção de método ignorar a realização de comícios ao longo da campanha é preciso demarcar uma questão: não é comum. E não é comum porque os comícios sempre foram utilizados como balizadores, termômetros de um quadro eleitoral prático, visível e palpável. E não realizar um comício demonstra para o leitor mais afoito fraqueza.

No caso de ACM Neto, mostra que a sua candidatura não tem apelo popular. Não pode ser escutada nas ruas. É uma candidatura artificial, construída dentro de um estúdio refrigerado. A realização de um comício contrairia totalmente o cárater de uma campanha marcada pelo distanciamento do público e de um programa de governo que prevê uma administração organizada dentro de escritórios e gabinetes. Uma prefeitura concebida pelas mentes brilhantes de "alguns escolhidos", que "sabem" o que o povo precisa sem consultar o povo.

Outro ponto que não pode ser ignorado é o valor simbólico da presidenta da República possuir um posicionamento público claro sobre quem é o seu candidato preferido em Salvador. Ninguém pode empalidecer a principal fonte de observação de qualquer comentarista político: os gestos. Assim como é simbólico o apoio do ex-prefeito Antônio Imbassahy e do atual prefeito João Henrique para o candidato ACM Neto, ninguém pode atrofiar o papel desempenhado por Mário Kertész e Márcio Marinho para a vitória de Nelson Pelegrino. Não realizar um comício significa também ocultar mais um calcanhar de Aquiles ou esconder alguém. Significa ter ou não ter um palanque com representação política e popular.

Por fim, ignorar o poder de uma massa de eleitores concentrada no maior bairro popular de Salvador é no mínimo um lapso. O baixo desempenho nas urnas do último candidato petista as eleições de Salvador (2008), o atual senador Walter Pinheiro, no bairro de Cajazeiras, virou um fato para a história eleitoral da Bahia. O espólio político herdado do pai, João Durval, pelo filho, João Henrique, no bairro, é apontado como fator determinante para a vitória de João e derrota de Pinheiro.

Sem acidez, mas, pontuando apenas o que acredito ter sido um engano de Samuel Celestino, concluo minimizando o tamanho das declarações pequeninas de Dilma Rousseff sobre o candidato do Democratas, ACM Neto. Definitivamente, "Salvador não pode ter um governinho". E quem disse não fui eu. Foi a presidenta da República para milhares de pessoas no maior bairro popular de Salvador.
 
*Sócrates Santana é jornalista.

   



segunda-feira, 22 de outubro de 2012

O falso profeta

Sócrates Santana

A capital baiana não precisa de um salvador da pátria. É extremamente prejudicial para a democracia a postura messiânica adotada pelo candidato do DEM. Ele não pode governar sozinho. O comportamento de ACM Neto é apocalíptico, maniqueísta e auto-destrutivo. Põe a população soteropolitana dentro de um fogo cruzado entre as esferas governamentais, anunciando um clima de disputa institucional com o governador Jaques Wagner.

Não é a possibilidade de um outro partido além do PT administrar Salvador que assusta, mas, o risco deste partido ser o DEM de ACM Neto. São poucos os municípios baianos administrados pelo Democratas na Bahia e no Brasil. Nessas eleições, o partido elegeu apenas 9 prefeitos. E o baixo desempenho eleitoral é resultado de uma política de isolamento e acirramento político permanente com os governos estadual e federal.

Outros municípios, mesmo sendo administrados por partidos de oposição ao governo estadual, conseguem desenrolar a relação entre prefeitura e estado. E o motivo é óbvio: não demarcam posições políticas, mas, simplesmente compartilham responsabilidades institucionais.

Se o governo estadual constrói um hospital dentro de uma área sem linhas de ônibus disponível, por exemplo, resta a prefeitura o papel de assegurar as condições necessárias para o equipamento funcionar plenamente, garantindo a expansão da rede pública de transporte até o local. Se isso não ocorre, quem perde é a população. O hospital é inaugurado, mas, não possui qualquer serventia, porque, um dos entes da federação não cumpriu a sua parte.   

Diferente da oposição realizada pelo PT, o DEM não tensiona com os governos petistas a partir do engajamento da sociedade civil organizada. Não possui relação sindical, nem tão pouco com os movimentos populares. Nitidamente, o DEM não é um partido de massa. Ou seja: o DEM não comporta dentro de si a vontade popular, porque, ignora organicamente a participação popular. É um partido construído dentro da burocracia institucional - fora do domínio da população. Por conta deste alheamento, o DEM de ACM Neto é uma ameaça para a democracia participativa, inclusiva e socialmente envolvida pela esfera pública.

A população não deseja um governo dos "melhores", a chamada meritocracia batizada por ACM Neto. As pessoas não querem que as decisões sejam tomadas dentro de escritórios refrigerados e gabinetes gelados. ACM Neto personifica a profissionalização da política, a divisão de tarefas e a gestão de uma cidade espartana, excludente e, portanto, autoritária.

O atual estágio caótico da capital baiana requer mais participação, envolvimento e sentimento de pertencimento. As pessoas querem e precisam participar dos problemas da cidade. Não adianta arrotar auto-suficiência, nem ludibriar a opinião pública com frases de efeito e oratória hipnótica. O próximo Carnaval de Salvador não pode ser macardo pelo bloco do eu sozinho.

*Sócrates Santana é jornalista e assessor do deputado federal Amauri Teixeira. 
     

sexta-feira, 22 de junho de 2012

São João + 20


Amauri Teixeira*
“Se tem fogueira acesa, pode ter certeza, é noite de São João”. Já teria dito o centenário Luiz Gonzaga diante desta longa estiagem que assola o nordeste brasileiro. No país inteiro, já são 1.473 cidades em estado de emergência por causa da seca. Porque, não são os fogos de artifícios, as estrelas de tevê, nem tão pouco, os enormes palcos que tornam os festejos juninos tão famosos no Brasil. Talvez, longe da pirotecnia e das atrações midiáticas, cada cidade possa rever a maior festa popular da Bahia.
Sem necessidade de inventar a roda, o São João de 2012, pode virar um marco na história cultural dos 250 municípios baianos que já decretaram situação de emergência por conta dos efeitos da seca. É a oportunidade de notabilizar o triângulo, a zabumba e a sanfona. Incentivar a formação e promoção de grupos de forró pé-de-serra. Ou seja: produzir cultura local para pessoas que estão vindo de toda parte do país. Porque, o verdadeiro motivo de todos viajarem tantos quilômetros até o interior da Bahia está contido exatamente no que há de mais puro e original no São João: a vida do sertanejo.
Quem "desce" para Jacobina, Juazeiro, Jaguarari, Senhor do Bonfim, Nova Fátima, Cruz das Almas, Miguel Calmon, Piritiba, Uibaí, Irecê, entre outros tantos municípios, não viaja para dançar música eletrônica na boate exclusiva do camarote andante, nem para comer e beber os coquetéis e pratos mais exóticos da última estação da moda. Nada contra nenhuma dessas "mudernidades", mas, cada qual no seu cada qual. A expectativa de quem visita esses municípios é encontrar um "xodó", "o verde dos teus olhos", após "ralar coxa", arrastar o pé com o Xote das Meninas, adoçando a boca com licor de jenipapo e enchendo o buxo com macaxeira, aluá e pamonha.
Com a redução do orçamento das festas - provocado pelo mais extenso período de seca dos últimos 50 anos - o São João de 2012 impõe ao mercado da música sertaneja uma reflexão sobre o inflacionamento dos cachês, gerado pela supervalorização de atrações de fora do próprio circuito junino. A disputa para encaixar no calendário local as "grandes estrelas nacionais", estimulou ao longo dos anos uma espécie de guerra fiscal entre os municípios, sufocando os arranjos culturais e econômicos regionais em prol de uma demanda externa sem qualquer compromisso com o contexto sócio-político de cada lugar.
É claro que pela própria dimensão geográfica da festa, presente nos 417 municípios da Bahia, o São João apresenta uma vocação natural de solidariedade com os demais gêneros artísticos. Mas, o caráter predatório utilizado por agências de eventos para vender o cachê dos seus artistas as prefeituras baianas, exige do gestor público uma reação firme contra os abusos cometidos por essas empresas com - é claro - o consentimento dos artistas.
Infelizmente, raríssimas ou nenhuma iniciativa espontânea ou promocional, sinalizou qualquer gesto da classe artística do ramo da música em solidariedade ao difícil momento que vive o povo sertanejo. Pouquíssimos ou nenhum artista doou o seu cachê ou cantarolou uma única canção sem ter tido o seu dinheiro devidamente depositado pela prefeitura na sua conta.
Por essas e outras, nada mais justo que aumentar a grade de programação das nossas festas com atrações locais. Com grupos e bandas compostos por homens e mulheres da terra, que aguardam o mandacaru aflorar na seca e apontar a chuva que chega no sertão. Em meio as discussão da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, nada mais atual.
*Amauri Teixeira é deputado federal e economista.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

O partido das divididas

De grão em grão, a galinha enche o papo. Ao longo dos anos, vem sendo essa a maneira do PMDB disputar as eleições. Sem nenhum presidente eleito pelo voto popular, o maior partido do Brasil virou a legenda das beiradas. E leiam beiradas de duas formas: dos municípios e das bolas divididas. É o caso de Salvador e São Paulo.
Em Salvador, as sobras do confronto entre ACM Neto (DEM) e Nelson Pelegrino (PT) podem recair no papo do radialista Mário Kertész (PMDB). Na rinha paulista, Fernando Haddad e José Serra rivalizam com as farpas do PT e do PSDB. Com o catador nas mãos, o deputado federal Gabriel Chalita (PMDB) junta os frangalhos dos paulistanos. Ou seja: o PMDB é o partido dos dissidentes.
É bom ficar claro: o PMDB não é um partido de oposição. Sem recorrer ao enfretamento nacional, o partido do vice-presidente Michel Temer avalia a política localmente. Dança conforme a música dos costumes, sem qualquer obrigação com as decisões do Palácio do Planalto. Não faz a política do antagonismo, mas, a política da aproximação e da convergência de interesses. É o que são e o que serão as candidaturas de Mário Kertész e Gabriel Chalita.    
Ambos, por sinal, possuem em comum o caráter da dissidência. O primeiro, Mário Kertész, saiu do ninho carlista. O segundo, apesar da idade, Gabriel Chalita, troca de partido como se trocasse de camisa: PSDB, PSB e, agora, PMDB. Os dois apostam em campanhas mais provincianas, beirando o bairrismo. Sem confrontar os modelos partidários, Mário e Chalita vão desfilar como se não fossem profissionais da política.
Aparentemente, o candidato paulista tem mais elementos para realizar tal proeza. Pulou de uma legenda para outra, como quem não demonstra qualquer compromisso com os princípios partidários em si. É jovem, 43 anos, portanto, não carrega consigo o fardo de ter sido tachado de tucano, malufista, petista, nem tão pouco quercista.
O candidato soteropolitano do PMDB não é diferente. Por duas vezes, Mário Kertész administrou a cidade de Salvador. A primeira, como biônico; a segunda, como prefeito eleito pelo povo. Mas, de lá para cá, já se vão 23 anos fora de disputas eleitorais. Desses, 19 anos dedicados ao rádio. Ou seja: no imaginário da população, especialmente, entre os jovens e adultos até 40 anos, a ligação de Mário Kertész no passado com possíveis negociações envolvendo dinheiro público viraram pó.
Se por um lado, as candidaturas de Gabriel Chalita e Mário Kertész, sinalizam representar a política jogada pelo lado de fora, por outro, não possuem musculatura político-partidária, a exemplo de PT, PSDB e DEM. Os dois vão trilhar uma estrada sem final previsível, sem qualquer perspectiva clara de qual dos lados será mais prejudicado: José Serra e ACM Neto ou Fernando Haddad e Nelson Pelegrino.
Em Salvador, se por um ângulo, a candidatura de Mário dialoga com uma fatia do eleitorado mais próxima do perfil carlista, por outro, em São Paulo, Chalita é acolhido justamente por aquelas pessoas que não conheceram outra experiência de administração para além de PSDB e PT. A conta fica difícil de fechar para ambos os lados.
A promessa é de 2º turno, lá e cá. À vista um cenário propício para um embate entre três forças não partidarizadas, mas, separadas pela linha tênue das idéias que distinguem politicamente a direita, a esquerda e o centro no Brasil. Esta leitura não anula outras candidaturas, mas, sem dúvida, enquadra a fotografia mais exposta dessas eleições. Se for assim, aguardem uma das mais intrigantes disputas da história política de ambas as cidades.
*Sócrates Santana é jornalista.